Na manhã seguinte, eu ainda tinha algumas horas antes da minha próxima aula, tempo suficiente para cuidar do desejo dos nossos corpos ainda entrelaçados sobre a cama. Eva despertou tão bem disposta quanto eu e reinventamos uma nova maneira de aplacar nossa sede e fome mantendo-nos no mesmo entrelaçamento, graças ao torpor matinal. Eu não costumo acordar ao lado das mulheres com as quais me relaciono, minha amiga é realmente uma exceção nesse quesito, principalmente por termos vivido sob o mesmo teto. Ao seu lado descobri quão gratificante pode ser o despertar.
Acordamos nossas mentes com o êxtase oferecido pelos nossos corpos totalmente despertos durante o acoplamento. Abracei-a na cama e procurei mostrar minha preocupação com sua situação:
– Não tenho o hábito de me intrometer nos seus assuntos ou nos de Will, vocês sabem que podem contar comigo para praticamente tudo – ela até mais que o meu amigo... – Porém seus assuntos entraram de sola em minha vida, não foi agradável chegar a casa e encontrar tudo revirado. Muito menos não ter ideia de onde se encontrava, temi por você. Preciso saber o que está acontecendo, certificar-me da sua segurança. Não quero ver seu novo apartamento revirado como o meu e nada de mal explodindo em nossas vidas.
Aparentemente sensibilizada, a loira deitou sobre o meu peito e resolveu me atender:
– É melhor esclarecer tudo de uma vez mesmo... Já que vou precisar de você quando eu for ao Egito. – pasmei com a sua declaração, mas esperei que terminasse sua explanação – A corporação pediu minha ajuda para encontrar um artefato no ano passado. Eu não tinha ideia no que estava me metendo, foi meu primeiro trabalho de grande porte e nem me preocupei em saber detalhes. Encontrei uma pista da peça e junto alguns documentos comprovando a posse legítima de um curador do Museu de Arte Natural. Fiz uma cópia dos documentos e mandei para eles cancelando o trabalho. Depois disso ficaram atrás de mim, por isso passei uns tempos em sua casa e fui pra a Champs quando a oportunidade surgiu.
Sua história só me deixou mais preocupado:
– E como resolveu toda a confusão com eles?
– Não resolvi, mas encontrei com o meu contratante na França para revermos os termos. Expliquei sobre a minha licença não permitir roubo ou qualquer uso de métodos ilegais, e não desejava perdê-la, me ofereci para algo legítimo em troca. Aparentemente aceitou meus termos, disse haver ativistas no Egito querendo colocar a corporação para fora do país e me pediu para averiguar o caso.
A lógica de seus argumentos era inexistente, até ela perceber minha confusão e completar:
– Eu vou lá, descubro os ativistas, me junto a eles, coloco aquela gente pra correr e nunca mais perturbar as nossas vidas. Ganhei tempo... Mas preciso de alguém de confiança, forte, corajoso, com habilidade para falar a língua local e me ajudar a desenterrar todo o lixo deles para fora. Podemos fazer isso no mês de julho, topa?
É uma loucura enfrentar uma organização tão poderosa, e por isso mesmo, não deixaria minha amiga na mão: Aceitei de pronto. Teria pouco mais de dois meses para aprender árabe e tempo suficiente para me aprimorar ainda mais nas artes marciais. Precisaria de tudo isso e um pouco mais para me safar de todos os perigos os quais estava me comprometendo a correr. Mesmo assim fiquei excitado para conhecer o Egito e me afogar mais uma vez nos prazeres da manhã, antes de me levantar para o trabalho.